Depoimento de Paulo Malária sobre o retorno dos vinis
Produzindo discos há 38 anos - primeiro vinis, depois CDs - presenciei a completa mudança do mercado da música e sua interação com a midia.
Quando fui levar o 1 LP do Acidente, acreditei que tocaria. Mas tocou bem pouco, e quase só na Maldita, que pôs em pra´tica um método de captação de opinião (músicos de bandas indies, tocando no início 100% de independentes arrebanhando assim formadores de opinião, depois 90%, 80%, até chegar a 0%. Outras FMs nos programaram, como a Universidade/Estácio e, antes de tudo, o programa "Poeira & Country" da 98. Bastante? Você não vai achar nada do Aça nos Top 1000 de qualquer ano.
Memórias de minhas visitas às rádios;a gravadora tinha interesse em que o disco novo fosse programado, a editora sempre, e o empresário quando o grupo fosse tocar na área. Não vou dizer que rolasse jabá, isso só com provas. Mas nós estávamos fora.
O novo Acidente dos anos 90 andou pra isso. Gravávamos instrumental de inspiração progressiva, sem a menor intenção de tocar no rádio. Foi um tempo bom. Mas o prog, como tantas grandes formas de arte, começa a padecer de falta de inspiração.
Então voltamos ao rock, mas agora sempre com 1%, 2%, 5% de progressivo em algumas composições, pois fica o gosto.
![Piolho é o terceiro vinil independente do Acidente, lançado em 1985. Piolho é o terceiro vinil independente do Acidente, lançado em 1985.](https://1.bp.blogspot.com/-6Ybj93jkq48/W3gwstZd4YI/AAAAAAAARBU/UM2K4MhAcH4jyIz7upQ0vSG2oheONfXKQCEwYBhgL/s1600/aca3app70.jpg)
![Em Caso de Acidente... Quebre Este Disco! é o 4º vinil independente do Acidente, lançado em 1989 Em Caso de Acidente... Quebre Este Disco! é o 4º vinil independente do Acidente, lançado em 1989](https://2.bp.blogspot.com/-4DzTWRqd5OQ/W3gyHqOBN3I/AAAAAAAARBc/2GM5AHT5iE8jl0kVE5vOHGdriWcZxesbwCLcBGAs/s200/aca4app.jpg)
Mas, se volta o vinil, volta junto o toca-discos. E o que pode vir com ele? Os compactos!
Estes pequenos discos de 7 polegadas, com 1 ou 2 faixas de cada lado, traziam consigo a possibilidade de que um número astronômico de bandas, pois não era preciso preparar mais de uma hora de som . Duas músicas, uma capa informativa e pronto: pleno emprego para os músicos de bandas de rock. E outros gêneros também.
Talvez não seja muito fácil para um grupo de metal ou prog gravar músicas de no máximo 6, 7 minutos. Mas pensem nas possibiliddes: as lojas reabrindo, os músicos carregando seus discos em sacolas, toca-discos reproduzindo essa arte. Onde 10 gravavam LPs ou Cds, 1000 gravavam compactos.
Paulo Malária
Comentários